As crianças aprendem matemática para compreender e interpretar situações do mundo que as cerca. Aliás, nosso mundo é dinâmico; as informações vão e vem de forma incessante e os dados numéricos são, muitas vezes, organizados através de gráficos e tabelas e expressos por meio de índices, porcentagens, médias, ... Por este motivo, conhecer ferramentas utilizadas para o tratamento da informação torna-se imprescindível para a formação de cidadãos conscientes e críticos.
De acordo com o Programa Pró Letramento, ao propor os estudo do tratamento da informação, espera-se que o estudante consiga colher dados sobre fatos do cotidiano e, através de procedimentos de organização, possa expressá-los e interpretá-los. Espera-se, também, que ele consiga fazer previsões a partir das informações que possui.
Os conteúdos propostos no bloco Tratamento da Informação são: combinatória, probabilidade e estatística. A combinatória refere-se à possibilidade de combinar objetos que são agrupados por determinadas características. Por exemplo, com 3 saias e 2 blusas, quantos trajes podemos compor? As probabilidades exprimem as chances de ocorrência de um evento. Por exemplo, qual a chance de dar cara quando uma moeda é lançada? A estatística é um ramo da matemática que visa organizar, resumir, apresentar e interpretar informações. Ela trabalha com médias, tabelas, gráficos, percentagens, índices, etc. As pesquisas são orientadas por princípios estatísticos.
Para dar suporte à ação do professor e enriquecer as práticas pedagógicas na educação infantil e anos iniciais apresento, na sequência, algumas sugestões de atividades concretas.
Quando você faz aniversário?
O professor questiona os alunos sobre o mês em que fazem aniversário e entrega um retângulo de papel branco a cada um. As crianças devem escrever seu nome no papel. Em seguida, o professor fixa, no quadro, um cartaz em papel pardo como o que segue abaixo. Um a um, os alunos dizem o mês do seu aniversário e colam o cartão com o nome escrito no mês correspondente.
Depois que todos colaram seus cartões, o gráfico resultante pode fornecer uma série de informações, tais como:
- Quantos aniversariantes há em janeiro?
- Em que mês não há aniversariantes?
- Em que mês há dois aniversariantes? E três?
- Em que mês há mais aniversariantes?
- Em algum mês há 5 aniversariantes?
Minha fruta preferida
A turma será conduzida a investigar qual a fruta de preferência dos colegas. A princípio, cada um questiona dois ou três colegas e o professor poderá provocar a curiosidade do grupo questionando se as meninas têm a mesma preferência que os meninos, se os pais têm a mesma preferência que as crianças, se as crianças da região nordeste do Brasil, por exemplo, poderão ter a mesma preferência que as crianças da região sul. É importante fazer suscitar na turma diferentes hipóteses e discussões. Depois, é hora de fazer uma pesquisa com a turma. Para isso, o professor distribuirá um pequeno cartão branco de papel de 5 cm x 5 cm e solicitará que cada criança desenhe sua fruta preferida. Depois, cada um afixará no quadro ou papel pardo seu cartão, com o auxílio de fita adesiva, na coluna correspondente à sua preferência.
Gráfico de animais
O professor entrega uma folha com animais, tal como a do exemplo abaixo, e as crianças devem recortá-los e juntar os iguais.
Depois, as crianças colam em um gráfico os cartões dos animais, sendo os iguais na mesma coluna, formando um gráfico:
Outra forma de propor o gráfico é a seguinte:
Depois do gráfico estar pronto, uma série de questionamentos buscando a interpretação dos dados devem ser elaborados.
O final da história preferido
O professor lê a história do livro "Sabe de quem era aquele rabinho", de Elza Salut, ed. Scipione. O livro fala sobre um elefante, que vai dar uma festa de despedida, e convida todos os seus amigos para a mesma. Porém, quando os animais resolvem tirar uma fotografia de costas, aprece um rabinho misterioso. Após algumas conjecturas, o elefante descobre que o rabinho é de um rato ... e termina a história! Qual poderia ser o final? O que o elefante fará com o rato?
É criado, na classe, um clima de suspense para possibilitar a elaboração de hipóteses, a análise e a discussão. Após a exploração da história, o professor propõe que os alunos, em grupos de quatro, criem um final. Cada quarteto deverá dramatizar para o grande grupo o final escolhido.
Depois das apresentações, a turma elege o melhor final. Durante a votação, o professor anota os votos no quadro e, por fim, todos constroem um gráfico de colunas, mostrando a votação. O gráfico, feito em papel quadriculado, deverá apresentar um título e as colunas poderão ser coloridas em diferentes cores. Outros livros da mesma coleção, que também não trazem um final para a história e possibilitam um trabalho semelhante são:
Como está o tempo?
Pouco antes do intervalo, o professor questiona os alunos sobre como está o tempo, ensolarado, nublado ou chuvoso e, depois, pede para os alunos o observarem. Ao retornarem do intervalo e conversarem sobre o assunto, o professor questiona se a turma lembra como esteve o tempo nos dias anteriores. Pergunta, também, sobre como se pode guardar essas informações e provoca a necessidade de um registro gráfico para tal fato. Então, propõe as seguintes atividades:
- Separa a classe em grupos e solicita que cada um desenhe um dia de chuva, um dia ensolarado e um dia nublado. Depois, recolhe os desenhos e a classe elege o mais representativo para cada estado do tempo.
- Cria, juntamente com o grupo, um quadro onde far-se-á, diariamente (utilizando o símbolo escolhido pela turma), o registro do tempo. Como há dias em que o tempo varia de um horário para o outro, combina que a observação se dará em um horário determinado.
- Estabelece com os alunos que, durante certo período de tempo, à mesma hora, uma criança fará o registro no calendário sobre o estado do tempo naquele dia.
Ao final de uma semana ou outro período qualquer, é feita uma exploração do calendário com perguntas do tipo:
- “Houve muitos dias de sol?”
- “Quantos dias foram chuvosos?”
- “Houve mais dias de sol ou de chuva?”
- “Quantos foram os dias nublados?”
Os ausentes
Para anotar quantos alunos faltaram as aulas em uma semana pode ser feito um gráfico. Para tal, propõe-se que as crianças marquem num quadro, como aquele mostrado abaixo, o número de ausentes em cada dia da semana.
Esta atividade deve ser desenvolvida todos os dias e, em cada semana, o quadro será trocado. No final da semana o professor analisa com a classe o quadro de alunos ausentes, fazendo perguntas do tipo:
- Quantos alunos faltaram hoje? E ontem?
- Em que dia houve mais faltas, hoje ou ontem? Quantas a mais?
- Na semana passada, em que dia houve menos faltas? Quantas a menos?
- Como foram as faltas nesta semana quando comparado com a semana passada?
Pesquisas
Temas que interessam a turma, curiosidades ou assuntos ligados a conteúdos específicos podem ser a mola propulsora para uma pesquisa na sala de aula ou fora dela.
A pesquisa pode ser feita com uma população como, por exemplo, todos os alunos da turma ou com uma amostra, que é constituída por um grupo representativo de determinada população. Por exemplo, pode-se pesquisar sobre a matéria preferida da classe, o programa de televisão preferido, meios de transporte utilizados para ir à escola, grau de escolaridade dos pais e irmãos, etc.
Após feita a pesquisa, que pode ser uma coleta de dados oral ou por meio de um questionário, é preciso fazer a apuração do dados e, depois, organizá-los através de tabelas e gráficos. Existem diferentes tipos de gráficos que podem ser trabalhados nos anos iniciais: barras, linha, setor e pictograma. Segue, abaixo, um exemplo de atividade investigativa sobre os alimentos preferidos pelas crianças de uma turma de 3º ano:
Segundo o Pacto Nacional para Alfabetização na Idade Certa, é muito importante que as crianças conheçam diferentes tipos de gráficos para terem a capacidade de reconhecer qual a representação mais adequada para seus objetivos. Neste artigo sugeri, basicamente, atividades relacionadas à estatística. Nos próximos, vou detalhar mais a construção de gráficos e os tipos de gráficos e, também, abordarei a combinatória e as probabilidades. Não deixe de acompanhar!
Referências Bibliográficas
Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa. Educação Estatística. Disponível em: . MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO. Secretaria de Educação Básica. Pró-Letramento: programa de formação continuada de professores dos anos/séries iniciais do Ensino Fundamental: Matemática. Brasília, 2008. Disponível em: .
Bibliografia consultada
DANTE, Luiz Roberto. Didática da Matemática na Pré-Escola. São Paulo: Ática, 1996. RANGEL, Ana Cristina Souza. Matemática da minha Vida. Porto Alegre: FAPI SÃO PAULO (Estado) Secretaria da Educação. Coordenadoria de Estudos e Normas Pedagógicas. Atividades Matemáticas: Ciclo Básico. 3 ed. São Paulo: SE/CENP, 1998.
Renata Lima
25/04/2018 09:57
SIRLEI MARIA VALDOMERI
06/11/2024 19:01